DINÂMICAS E PERMANÊNCIAS DO MOVIMENTO PENTECOSTAL EM PARAUAPEBAS: IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS (MISSÃO)

Rodrigo Bruno de Sousa (Mestrando PDTSA)

Prof. Dr. Jeronimo da Silva e Silva (Orientador)

O Brasil é o país do samba, do futebol e sem dúvida dos cristianismos. Inicialmente o católico que se instalou juntamente com o processo de colonização. Perdurou até fins do século XIX, com a separação da igreja-estado (decorrente da proclamação da República). Essa hegemonia sofria inúmeras resistências, pois, segundo Sanches (2010), o catolicismo era visto como um instrumento que possibilitava, de um lado, a submissão dos povos conquistados e, de outro, a coesão da sociedade colonial (pg. 118). Portanto, temos a longa e complexa trajetória dos Cristianismos na sociedade: ortodoxo (sec. XI); protestante (sec. XVI), pentecostal (sec. XVIII) e neopentecostal (sec. XX). 

A pesquisa toma como um dos elementos a fala do atual pastor presidente: “na região onde está localizada a maior mina a céu aberto do mundo, quis Deus que nesse lugar surgisse mais um grande movimento pentecostal no Brasil. Acrescento novamente: mudança se faz de dentro para fora. A pessoa pode ter roupa nova, emprego, casa, mas isso não é capaz de alcançar o coração. Somente a igreja é capaz de levar o ser humano a Deus e, assim, mudar a cara desta nação”. Palavras do pastor Fenelon Lima Sobrinho, antes de receber a placa de homenagem concedida pela Câmara Municipal de Parauapebas pelos 30 anos da igreja na cidade no ano 2013 no mês de setembro.

A pesquisa propõe-se investigar o processo de chegada e permanência da Assembléia de Deus (missão) em Parauapebas (PA), marcando e demarcando essa participação no fenômeno religioso pentecostal.

Apresenta-se de forma evidente sua extensão e organização desta instituição religiosa que surgirá nesse estado. No início da primeira década do século passado precisamente na capital (Belém). E hoje ocupa todo território nacional. Instituição religiosa centenária que fincou missão em solo local a partir de 20 de setembro de 1983, tendo deste ano até o presente como Pastores-presidente a liderança de 03 homens:

Pr. Jonas Barros do Amaral – 20/09/1983 a 21/10/1996; 

Pr. Nivaldo dos Anjos Silva – 22/10/1996 a 03/01/1998; 

Pr. Fenelon Lima Sobrinho – 04/01/1998...

A breve história da Assembléia de Deus - Missão em Parauapebas inicia quando o Pr. Jonas Barros do Amaral, enviado pela igreja de Marabá para liderar um trabalho que já existia no grande projeto da Serra dos Carajás, decidiu junto com os irmãos que lá se reuniam implantar na vila Rio verde, um povoado que se desenvolvia ao pé da serra, o 1º templo da Assembléia de Deus em Parauapebas (construção simples, de madeira, na rua sol poente, 58). 

Nestes últimos 15 anos a igreja passou a experimentar um crescimento sem precedentes, contando atualmente com templo central para mais de 5 mil pessoas sentadas e mais de 80 congregações distribuídas em todos os bairros da cidade, todas em terrenos próprios e de alvenaria, tendo em seu rol cerca de vinte mil pessoas. Os templos pertencentes a esta, possui arquitetura similar de fachada e cor padrão. Assim demonstrado abaixo (direita).

Vale destacar, também, a aquisição de uma rádio FM, administração de um canal de TV, manutenção de missionários dentro e fora do Brasil. A igreja Evangélica Assembléia de Deus – Missão está vinculada a Convenção de Ministros das Igrejas Evangélicas das Assembleias de Deus do Estado do Pará - COMIEADEPA. 

Temos outras 03 convenções devidamente identificadas em solo municipal a seguir: 

Convenção Estadual das Igrejas Evangélicas Assembléias de Deus no Maranhão – CEADEMA; 

Convenção da Igreja - Mãe Assembléia de Deus de Belém – CIMADB; 

Convenção Nacional das Assembléias de Deus no Brasil — Ministério de Madureira CONAMAD. 

Também foram mapeadas outras siglas de possíveis convenções só que a princípio não foram descritas, como: CIADEPAN; CORENORTE; CONADEMM e CEDE.

O ato de justificar evidencia a necessidade e importância da proposta em pesquisar e o provável pioneirismo desta abordagem sinalizando para a linha de pesquisa II - produção discursivas e dinâmicas socio-territoriais na Amazônia. Onde há um tempo recente, não se podia pesquisar sobre “Religião”. Mas, como fenômeno humano ao qual corresponde a um dos elementos da dinâmica territorial que é o fenômeno religioso e acompanha o fenômeno urbano. A sociedade científica vem esclarecendo este universo complexo e instigante.

Venho apresentar ao evento da Pós Graduação em questão este tema enfatizando e desconstruindo a partir da graduação em Ciências da Religião na Universidade do Estado do Pará (UEPA) no centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) em Belém. A presença da ‘religião’, ou melhor, do fenômeno religioso, como elemento da cultura humana que reside na memória de todas as sociedades e nutre relações de poder como a produção de discursos e recursos que por vezes fomentam a prática da intolerância religiosa. Objeto de pesquisa desafiante na sociedade que respira, transpira, suspira a religião do colonizador com radicalismo. Às vezes ou com freqüência agredindo, sufocando outras manifestações ou culturas religiosas. Principalmente, as afro-brasileiras, no geral (Candomblé, Umbanda, Tambor de mina) ou, os ‘novos movimentos religiosos’ (como Vale do Amanhecer; Seicho no Ie) presentes no município.

O campo religioso brasileiro é complexo imperando a diversidade religiosa, originaria das matrizes culturais que formaram o país, atrelado ao processo de secularização que é fruto da troca de experiências culturais. Apresentando este cenário que segundo Guerriero (2006), a religião não fica mais somente na igreja e na comunidade original, mas se desloca para outros lugares, assume novas feições e formas de vivencia. Cresce enormemente o número de religiões agora ao alcance da escolha e livre opção do indivíduo e não mais como uma herança recebida dos pais ou imposta pela sociedade. A religião encontra-se “em tudo”, penetrando as múltiplas dimensões da vida do sujeito. Essa religiosidade difusa indica um afrouxamento das fronteiras rígidas de antes. A sociedade brasileira continua majoritariamente cristã. (p.15).

RESULTADOS ESPERADOS

Compreender o processo de deslocamento e permanência do movimento pentecostal da igreja evangélica Assembléia de Deus, desde a cidade de Belém até Parauapebas, atentando neste processo de interiorização para as relações de poder e as representações construídas pelos praticantes dessa religião acerca de sua importância e inserção nas dinâmicas sociais desta parte do sudeste paraense. 

NOTA BIOGRAFICA

Sou natural do município de Altamira (PA), sou filho mais novo de 4 irmãos homens fomos criados e educados na presença de minha avó e mãe. Concluí no ano 2000 o ensino médio. Bacharel em Ciências Sociais pela ULBRA (2007-2010), sou Licenciado em Ciências da Religião pela UEPA (2010-2013). Busquei pós graduações em Metodologia do Ensino Religioso – UNINTER (2015); em Política de Promoção da Igualdade Racial na Escola (UFPA – Castanhal / 2015) e em Metodologia do Ensino de Filosofia e Sociologia UNIASSELVI – (2016). Sou servidor público municipal em Parauapebas (PA) como professor do Componente Curricular - Ensino Religioso, atuando na EDUCAÇÃO DO CAMPO e mestrando da 9ª turma do PDTSA: Dinâmicas Territoriais e Sociedade na Amazônia - Área de concentração: Dinâmicas Territoriais e Sociedade na Amazônia da linha de pesquisa: Produção Discursiva e Dinâmicas Socioterritoriais na Amazônia da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA - CAMPUS 3 (Marabá -PA). 

REFERÊNCIAS 

ALENCAR, Gedeon. Assembléia de Deus – origem, implantação e militância (1911-1946). São Paulo: Arte Editorial, 2010. 

GUERRIERO, Silas. Novos Movimentos Religiosos: o quadro brasileiro. São Paulo: Paulinas, 2006. 

PASSOS, João Décio. Como a religião se organiza – tipos e processos. São Paulo; Paulinas. 2006.

SANCHEZ, Wagner Lopes. Pluralismo Religioso: as religiões no mundo atual – 2 ed., São Paulo: Paulinas, 2010.